8 livros cheios de aprendizados

Livros que vão mudar sua maneira de ver o mundo

Uma das coisas sobre os livros que ninguém pode negar é o seu poder de mudar a vida de uma pessoa. Seja em tempos bons ou tempos ruins, todos nós que somos leitores atentos e sonhadores, já tiramos grandes aprendizados com a literatura.

Listei alguns livros que foram essenciais ao longo da minha vida para aprender diversas coisas, e gostaria de compartilhar um pouco disso com vocês. Eu sempre gosto de pensar que enquanto estou lendo, as dores que eu sinto são de outra pessoa, porém, os aprendizados são totalmente meus.

A revolução dos bichos

A revolução dos bichos é um livro para se refletir sobre como as formas de governo, independente da época, sempre acaba beneficiando aqueles que estão no topo. Essa obra é uma crítica pesada às revoluções, e principalmente à revolução russa, como podemos ver nos nomes dos próprios personagens.

É impossível ler esse livro e não mudar sua maneira de ver os governos, sejam eles socialistas ou capitalistas.

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, A revolução dos bichos é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 após ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.

De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos – expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História – mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.

Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo.

O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista.

Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens.

De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.

“A melhor sátira já escrita sobre a face negra da história moderna.”

Malcolm Bradbury

“Um livro para todos os tipos de leitor, seu brilho ainda intacto depois de sessenta anos.” Ruth Rendell

Uma dor tão doce

“Naquele verão eu quis tanto fugir quanto ficar ali para sempre.”

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Charles Lewis, Uma dor tão doce

Chega a ser assustador como meu peito dói sempre que preciso falar sobre como Uma dor tão mudou minha maneira de olhar para o mundo. O que começou como uma história sobre quanto tempo dura um amor de verão, acabou se tornando uma viagem para o meu passado.

Cada segundo que eu lia sobre Charles Lewis, era como olhar para um espelho e me ver: problemas familiares, timidez, amar uma atriz e acabar fazendo teatro. Meus medos eram parecidos com os dele, assim como o sentimento de terminar o ensino médio sem ter feito absolutamente nada.

Esse livro me levou a uma profunda reflexão sobre porque eu tenho tanto medo da vida. Infelizmente eu não tive um anjo da guarda para me ajudar a encontrar a luz como ele teve (e não estou falando da Fran não, estou falando dos amigos que levaram Charles para outro lugar com eles e o fizeram ter uma nova vida).

Se você deseja um livro capaz de te reconectar com o passado enquanto te força a dar pequenos passos em direção ao futuro, “Uma dor tão doce” é o livro certo para você. Caso goste de um lindo romance que foge completamente aos clichês, é impossível não gostar da história de Charles Lewis e Fran Fischer.

É 1997 e Charles Lewis passa os dias quentes das férias andando de bicicleta pela cidade. Às vezes ele também lê. Não há nada mais para fazer quando se está afastado dos amigos, a família está caindo aos pedaços e não se tem ideia de qual será o próximo passo. Mas os dias tediosos e vazios de Charlie estão prestes a ter fim.

Ao se deparar com uma companhia de teatro ensaiando Romeu e Julieta, sua primeira reação é fugir, mas ele talvez tenha encontrado um bom motivo para ficar: Julieta. No caso, a atriz que vai interpretar a personagem. Fran Fisher, uma garota bonita, confiante e metida a artista.

Mas quem nos conta essa história, repleta de idas e vindas no tempo, não é o garoto Charles. É o adulto, que, às vésperas de seu casamento, rememora ― com uma mistura sutil de humor e melancolia ― um verão intenso, que moldou o homem que é hoje.

Em semanas que marcarão sua vida, rodeado por textos do século XVI, figurinos, novas amizades e uma miscelânea de sentimentos inéditos, Charles desviará de conversas sobre o futuro enquanto tentará não ser devorado pela confusão de sua dinâmica familiar. E, ao lado de Fran, vai encontrar uma chance de se redescobrir e reinventar.

Territorio Lovecraft

Estou devendo a resenha desse livro aqui no blog há quase um ano, mas isso tem um bom motivo: essa leitura foi dolorosa demais.

“A realidade pode ser muito mais assustadora que a ficção.”

Território Lovecraft

Território Lovecraft trata de muitos temas delicados, sendo o principal deles o racismo nos Estados Unidos dos anos 60, infelizmente pouca coisa mudou desde aquela época como pudemos ver nos acontecimentos recentes.

Conforme lia o livro e as histórias iam se conectando, fui percebendo que diversas situações que já ocorreram comigo, não foram obra do mero acaso, mas sim de um sistema que foi muito bem montado para oprimir e calar uma determinada parcela da população.

O livro é composto por diversas histórias com focos diferentes, mas que no final se conectam e convergem para um final comum. Território Lovecraft é um ótimo livro para se refletir sobre racismo estrutural, e você fará enquanto aproveita uma incrível obra de ficção.

Nos Estados Unidos segregados da década de 1950, Atticus é um rapaz negro, veterano da Guerra da Coreia, fã de H. P. Lovecraft e outros escritores de pulp fiction. Ao descobrir que o pai desapareceu, ele volta à cidade natal para, com o tio e a amiga, partir em uma missão de resgate. Na viagem até a mansão do herdeiro da propriedade que mantinha um dos ancestrais de Atticus escravizado, o grupo enfrentará sociedades secretas, rituais sanguinolentos e o preconceito de todos os dias.

Ao chegar, Atticus encontra seu pai acorrentado, mantido prisioneiro por uma confraria secreta, que orquestra um ritual cujo personagem principal é o próprio Atticus. A única esperança de salvação do jovem, no entanto, pode ser a semente de sua destruição — e de toda a sua família.

E esta é apenas a primeira parada de uma jornada impressionante. Estruturado ao mesmo tempo como uma coletânea de contos e um romance, Território Lovecraft apresenta, além de personagens memoráveis, elementos sobrenaturais, como casas assombradas e portais para outras realidades, objetos enfeitiçados e livros mágicos.

Um retrato caleidoscópico do racismo — o fantasma que até hoje assombra o mundo —, a obra de Matt Ruff une ficção histórica e pulp noir ao horror e à fantasia de Lovecraft para explorar os terrores da época de segregação racial nos Estados Unidos.

Misto-Quente

Aqui temos um livro que me fez entender muitas coisas sobre minha infância e família, o que nem sempre é prazeroso. Esse livro atinge um nível de tristeza que realmente nos faz repensar a vida na totalidade, além de pensar no porque somos da maneira que somos.

Misto-Quente é uma obra necessária se você nunca conseguiu entender como as atitudes dos seus pais influenciaram (ferraram) sua vida a longo prazo. É uma oportunidade também para aqueles que são fãs de Bukowski entenderam porque ele era como era.

“Que tempos penosos foram aqueles anos – ter o desejo e a necessidade de sobreviver, mas não a habilidade”

Henry Chinaski, Misto-Quente

Essa frase resume bem o sentimento de nascer em um momento onde tudo é impossível, dadas as suas condições. Não importa o que você faça, você vai falhar.

Para Henry Chinaski -protagonista desta obra-, o que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929 é ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão de obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas.

Cidades de papel

Por mais que seja mais um romance jovem adulto com protagonista nerd padrão John Green, Cidades de papel nos ensina uma coisa importante: como olhar para nós mesmos com mais sinceridade.

Margo Roth Spiegelman, o amor platônico de Quentin, apesar de ser super popular na escola e ter uma vida aparentemente perfeita, nos faz questionar sobre como as pessoas são quando olhamos de perto.

“De perto ninguém é bonito de verdade.”

Margo Roth Spiegelman

Outra reflexão muito boa para se ter com esse livro é sobre como as coisas são efêmeras e podem desmanchar facilmente. Cidades de papel, pessoas de papel.

Quentin Jacobsen tem uma paixão platônica pela magnífica vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman. Até que em um cinco de maio que poderia ter sido outro dia qualquer, ela invade sua vida pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita.

Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola e então descobre que o paradeiro da sempre enigmática Margo é agora um mistério. No entanto, ele logo encontra pistas e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele achava que conhecia.

“A prosa de Green é impressionante — de gírias e palavrões hilários e intelectuais a filosofias complexas e observações verdadeiras e devastadoras.” School Library Journal

“Green, numa abordagem adorável, apresenta um menino inteligente e sua maneira de amar. Cidades de papel tem diálogos reais — e muito engraçados —; um mistério intricado, porém crível, e personagens secundários encantadores.” Kirkus Reviews

Teresa Filosofa

Teresa nos leva por uma incrível jornada na descoberta dos prazeres da vida. Esse livro faz Cinquenta tons de cinza parecer uma brincadeira de criança, por ser baseado em fatos reais e descrever com generosidade de detalhes as relações.

Considero esse livro um convite para sermos mais livres e aceitarmos melhor nossos próprios desejos sem nos prender a julgamentos sobre o que é certo ou errado. Se permita ser livre, se permita desfrutar dos prazeres da carne.

Teresa Filósofa’ é o romance de formação de uma jovem tão inocente quanto disposta a fazer render todas as lições de luxúria de seus preceptores. A autoria do livro, secreta, hoje é atribuída ao senhor Jean Baptiste de Boyer, o marquês d’Argens, nascido em 1704 e morto em 1771, um pouco antes da Revolução Francesa.

O Segredo

Esse foi um daqueles livros que mudou minha maneira de ver e interpretar o mundo ao meu redor. Depois de anos de tristeza, foi como se uma venda que estivesse nos meus olhos tivesse caído, e eu finalmente pudesse ver as coisas de verdade.

O Segredo é um lindo convite para ver a vida de outra maneira. O mais legal é que os ensinamentos que tiramos desse livro nada tem a ver com espiritualidade ou religião, é basicamente a maneira que você filtra o mundo através das suas crenças que irá mudar.

Ao longo dos séculos, os fragmentos de um Grande Segredo estiveram presentes nas tradições orais, na literatura, nas religiões e nas correntes filosóficas da humanidade. Agora, pela primeira vez, todas as peças do Segredo foram reunidas em uma revelação extraordinária, capaz de transformar a vida de todos os que a vivenciarem.

Nesse livro, você aprenderá a utilizar O Segredo em todos os elementos da sua vida – dinheiro, saúde, relacionamentos, felicidade – e em cada uma de suas interações com o mundo. Começará a entender o poder oculto que existe dentro de você, e esta revelação trará alegria para cada aspecto da sua vida.

O Segredo contém a sabedoria de mestres da atualidade – homens e mulheres que o utilizaram para alcançar saúde, riqueza e felicidade. Suas histórias revelam como, ao aplicarem o conhecimento do Segredo, eles venceram doenças, obtiveram grande riqueza, superaram obstáculos e alcançaram o que muitos considerariam impossível.

Cultura pop japonesa

O livro Cultura Pop Japonesa me permitiu ter um olhar mais crítico e compreensivo sobre o mundo dos mangás e dos animês. Me fez entender como esse fenômeno de cultura de massa ocorreu e continua ocorrendo no mundo todo.

Acredito que o aprendizado mais interessante desse livro é que muito do acreditamos ser verdade sobre o mercado de mangás e animês no ocidente não é a realidade, e o buraco é bem mais embaixo.

Você acreditaria se eu te dissesse que a pirataria, apesar de eu odiar, teve um importante papel na expansão dos mangás para o ocidente?

Este livro reúne artigos e depoimentos de diversos personagens importantes na história da divulgação dos quadrinhos no Brasil.

O leitor encontrará abordagens de diferentes aspectos dessa arte narrativa: os quadrinhos como ferramente pedagógica, como indústria cultural, como campo de estudos acadêmicos, a história das iniciativas pioneiras, aspectos da tradução e das trocas culturais, quadrinhos como base de formação de novos leitores ou como veículo de divulgação da cultura japonesa.

Um dos últimos fenômenos de massa dos últimos tempos, os mangás, quadrinhos japoneses, são a base de uma indústria que inclui revistas, livros, filmes, brinquedos, videogames e outros subprodutos.

Eles mostraram ao mundo e aos próprios japoneses uma imagem do Japão e a excelência oriental na manipulação de um veículo, marcadamente ocidental, em favor da expressão peculiar e renovadora.

Os mangás já são um volumoso capítulo na história dos quadrinhos e da comunicação de massa no século XX. No Brasil, muito recentemente, os adultos descobriram o que as crianças já consumiam em doses consideráveis, em revistas como Pokémon e Dragon Ball Z.

Até logo jovens aprendizes

Ficamos por aqui com as reflexões sobre esses livros que mudaram bastante a minha vida ou me fizeram pensar de uma maneira diferente após tanto tempo. Aproveite para conferir nossas indicações de livros para ler nas férias, nos vemos novamente em breve.

Carinhosamente
Marcos Mariano

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Marcos Mariano
Marcos Mariano

Tenho 30 anos e sou apaixonado por jogos, animes, tecnologia, criptomoedas e literatura. Atualmente estudo Marketing Estratégico Digital e mato meu tempo escrevendo qualquer coisa que passe pela minha cabeça.

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