O que é literatura de cordel

Literatura de cordel: tudo que você precisa saber

A literatura de cordel também é referida no Brasil como folheto, literatura popular em verso ou cordel nordestino. É um tipo de literatura que se baseia em histórias populares, orais e pertencentes à narrativa popular.

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O que é literatura de cordel
O que é literatura de cordel

Em sua origem, é oriundo do estilo literário do século XVI, na época quando o Renascimento Cultural viria a popularizar a impressão de livros, documentos e relatos na Europa.

Essa literatura tem origem européia, sendo mesclada a partir do Brasil colônia e com o desenvolvimento da cultura regionalista brasileira no Nordeste.

O termo cordel tem origem no fato dos folhetos serem disponibilizados em cordas ou barbantes para a venda em praças públicas em Portugal e, posteriormente, no Brasil.

No Nordeste brasileiro, o termo “cordel” seria popularizado com a exposição dos folhetos em barbantes. Geralmente, as publicações são ilustradas com xilogravuras nas capas e nos interiores das publicações.

Comumente, os textos são redigidos em estrofes com dez, oito ou seis versos. Os autores também são considerados como cordelistas que escrevem estrofes cadenciadas e melodiosas indicadas para a leitura e para a encenação teatral poética.

No ano de 1988, foi instituída no Brasil, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro, com a presença dos principais autores do país. 

O dia do cordelista é comemorado no dia 19 de novembro, essa data foi escolhida por ser o nascimento do cordelista Leandro Gomes de Barros, nascido em 19 de novembro de 1865.

É importante ressaltar que, no ano de 2018, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) reconheceu a literatura de cordel como patrimônio cultural imaterial do Brasil.

O significado de cordel

Como falamos na introdução deste artigo, o termo “cordel” tem relação com o uso de cordas finas ou de barbantes para servirem como bases para pendurar os folhetos a serem vendidos nas praças públicas.

Esse mesmo tipo e fio, inicialmente, era usado por pedreiros no processo de construção de casas para alinhar tijolos.

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Essa linha ou cordão passou a ser utilizado para pendurar as publicações que, inicialmente, dependiam de processos rudimentares de impressão, mas que se aperfeiçoou nos últimos tempos.

Atualmente, quando falamos em cordel nos referimos a um gênero literário composto por versos, com métrica e rima que usam linguagem informal.

Trata-se de uma literatura popular feito em verso, e se tornou mais popular a partir do século XIX, quando mais poesias passaram a ser impressas para serem vendidas nas feiras.

Vale lembrar que o formato inicial de cordéis seriam os lusitanos trazidos pelos colonizadores portugueses para o Brasil colônia.

Portanto, é uma herança portuguesa que ganharia corpo no Brasil no final do século XVIII. Na Europa, formalmente, esse tipo de literatura e de publicação surgiria no século XII.

Cordel nordestino

Entre os séculos XVII e XX, esse estilo literário se tornaria cada vez mais brasileiro, com grande crescimento nos centros urbanos e demais cidades de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.

A partir do Nordeste, o Brasil se tornaria a pátria do cordel moderno em língua portuguesa, e se tornaria numa das principais marcas da cultura brasileira nordestina.

Em nosso país, o cordel começaria a ganhar força no século XIX, e cresceria ainda mais no século XX, entre os anos 1930 e 1960. Lembramos que muitos escritores do modernismo brasileiro foram influenciados pelo cordel como João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.

Estrutura do cordel

A literatura de cordel é um gênero literário que utiliza versos, não pode ser considerado como um gênero similar aos cânones da poesia portuguesa e brasileira por, simplesmente, utilizar uma linguagem mais simples inspirada em temas populares.

Geralmente, os próprios autores são os principais divulgadores das obras e poemas, por ainda existirem poucas editoras e selos editoriais dedicados a esse segmento de mercado editorial.

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Considerando a estrutura e as características desse estilo literário, podemos indicar a presença de:

  • Linguagem coloquial (informal);
  • Uso de humor, ironia e sarcasmo;
  • Temas populares como  folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, e grande diversidade de temas;
  • Uso de rimas, métrica e oralidade;
  • Tradição literária regional;
  • Oposição à linguagem da literatura tradicional;
  • Gênero literário baseado em versos;
  • Uso de temas populares e da cultura popular brasileira;
  • Além de linguagem popular, oral, regional e informal nas poesias.

Devemos ainda citar o uso de oralidade na linguagem dos textos e a presença de elementos da cultura brasileira. O grande foco é instruir, busca o humor e informar os leitores.

Esse estilo literário é reconhecido como uma tradição literária regional.

Origem da literatura de cordel

Na história, esse estilo literário inicia com o romanceiro do Renascimento, fase próxima do humanismo literário e do classicismo, fase que também permitira a impressão dos primeiros livros e publicações com a invenção de Gutenberg.

Por serem pendurados em cordões, passou a ser chamada de literatura de cordões ou de cordel apresentando peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente.

Na segunda metade do século XIX, os primeiros folhetos do Brasil seriam impresso com linguagem própria, abrangendo várias temáticas como situações do cotidiano, fatos históricos, lendas e históricas religiosas.

No início, os autores brasileiros se inspirariam nos romances de cavalaria e posteriormente na cultura do cangaço do Nordeste brasileiro.

Principais autores da literatura de cordel

Sabemos que, no Brasil, os autores de cordel são referidos como cordelistas. Segundo dados da Academia Brasileira de Cordel, essa literatura possui mais de 4.000 autores, podemos citar os principais autores a seguir:

– Apolônio Alves dos Santos;

– Cego Aderaldo;

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– Cuíca de Santo Amaro;

– Guaipuan Vieira;

– Firmino Teixeira do Amaral;

– João Ferreira de Lima;

– João Martins de Athayde;

– Manoel Monteiro;

– Leandro Gomes de Barros;

– José Alves Sobrinho;

– Homero do Rego Barros;

– Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva);

– Téo Azevedo;

– Gonçalo Ferreira da Silva;

– João de Cristo Rei.

Literatura de cordel atualmente

Atualmente, no Brasil, temos a ABLC (Academia Brasileira de Literatura de Cordel) que possui mais de 10.000 documentos oficiais, pesquisas, livros e folhetos de cordel.

Literatura de cordel atualmente
Literatura de cordel atualmente

Essa instituição foi fundada em 1989, e está localizada no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Seja no Rio de Janeiro (mais notadamente na Feira de São Cristóvão) e nas principais cidades do Nordeste Brasileiro, as publicações costumam ser divulgadas e vendidas em feiras populares.

A apresentação dos textos através da encenação pública e poética é uma das mais tradicionais práticas do cordel no Brasil.

Conclusão

Portanto, a literatura de cordel foi introduzida no Brasil pelos portugueses e se tornou numa das manifestações mais populares do país a partir do século XIX.

Seja se inspirando em romances tradicionais, nas narrativas populares e na poética nacional, o cordel tem se firmado como um estilo tradicional, histórico e moderno.

Geralmente, os textos se utilizam de descrições dos personagens em cena e os monólogos com queixas, súplicas, rogos e preces por parte do personagem principal.

Normalmente, são histórias que se inspiram em problemas pessoais e sociais que precisam ser resolvidos. Existem heróis, mocinhas, figuras religiosas, personagens familiares e surrealistas em cada inspiração poética.

Vale a pena conhecer esse estilo literário e se aprofundar em narrativas que possuem origem ibérica e lusitana, sendo “abrasileirada” nos últimos séculos com grande maestria pelos nossos autores.

É possível encontrar algumas publicações na internet e através de livros publicados em venda na livrarias, porém o mais indicado é procurar pelos cordéis em feiras e festivais.

Carinhosamente
Marcos Mariano

Marcos Mariano
Marcos Mariano

Tenho 30 anos e sou apaixonado por jogos, animes, tecnologia, criptomoedas e literatura. Atualmente estudo Marketing Estratégico Digital e mato meu tempo escrevendo qualquer coisa que passe pela minha cabeça.

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