Resenha Marina, Carlos Ruiz Zafón

Marina – Carlos Ruiz Zafón 1999

Contra-capa: Em maio de 1980, desapareci do mundo por uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro. Uma semana depois, um policial à paisana teve a impressão de conhecer aquele garoto; a descrição batia.

O suspeito vagava pela estação de Francia como uma alma penada numa catedral de ferro e névoa. O policial me abordou com um ar de romance de terror. Perguntou se meu nome era Óscar Drai e se era o rapaz que havia sumido sem deixar rastros do internato onde estudava.

Na época, não sabia que, cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele. Quinze anos depois, a memória daquele dia voltou para mim. Vi aquele menino vagando entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina se acendeu de novo como uma ferida aberta.

Marina, Carlos Ruiz Záfon

“De todos os livros que escrevi desde que comecei neste trabalho de escritor, ali por volta de 1992, Marina é um dos meus favoritos.(…) É possivelmente o mais indefinível e difícil de categorizar de todos os romances que escrevi… ‘Carlos Ruiz Zafón’

Marina é mesmo um livro difícil de categorizar; romance, aventura, suspense, policial, drama, uma pitadinha de terror, em tudo essa obra prima se encaixa e parafraseando o autor, posso dizer que: De todos os livros que li desde que comecei nesse trabalho de leitora, Marina é um dos meus favoritos.

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Antes da resenha, quero primeiro falar um pouco dos meus personagens prediletos, vou começar com Óscar

Óscar Drai, nas palavras de Marina: “É um desses príncipes sem reino que andam por aí esperando que você o beije para se transformar em sapo.” Ele é um garoto solitário de quinze anos que mora em um internato na cidade de Barcelona e seu programa favorito é passear pelo bairro de Sarriá onde mora para apreciar a arquitetura do lugar, um garoto curioso, que a curiosidade transforma em aventureiro e corajoso.

Gosto de seus pensamentos espirituosos do tipo: “O cigarro tremia em seus dedos e era difícil determinar quem estava fumando quem.” Num mundo cheio de sapos que se acham príncipes, Óscar é mesmo um príncipe que se acha sapo.

Marina Blau é um ser quase encantado, uma garota de quinze anos inteligente, culta e de uma ironia deliciosa, que vive em uma mansão decadente com o pai Germán e o gato Kafka. Marina empresta à história um ar de conto de fadas e parece uma uma pessoa que pulou de 1900 para 1979 sem escala.

Já que dei a impressão de Marina sobre Óscar, vou deixar mais um gostinho de quero ler com uma frase de Óscar quando do primeiro encontro com sua nova melhor amiga: “Meu olhar subiu por aquele vestido que parecia saído de um quadro de Sorolla e foi parar num par de olhos de um cinza tão profundo que alguém poderia cair lá dentro. Estavam cravados em mim com olhar sarcástico. Sorri e ofereci minha melhor cara de idiota.” Germán, assim como a filha, nos traz a sensação de conto de fadas, um ex pintor com modos aristocráticos e uma sabedoria um tanto irônica às vezes.

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Nunca vi tanta elegância em um personagem, Germán Blau faz sentir vontade de entrar no livro apenas para passar uma tarde em sua companhia. E finalmente chegou a Victor Florián, um ex policial que cativa logo em sua entrada na história, se tem na mais baixa conta, ao contrário de mim que o tenho na mais alta, nem que seja apenas por nos tirar um pouco da aura etérea do livro com seu jeito arredio e fingido mau humor.

Vamos passar finalmente à uma pequena resenha:

O livro começa no fim de setembro do ano de 1979 com Óscar dando um de seus passeios por Sarriá quando descobre a mansão onde moram Marina e Germán, curioso e sem noção como ninguém mais, ele explora o lugar, entra na casa, fuça em tudo e se assusta com a chegada de Germán, ao sair correndo percebe que ainda segura um velho relógio de bolso.

De volta ao internato ele passa algum tempo juntando coragem “e mais curiosidade” para devolver o relógio e se desculpar pelo furto com invasão de domicílio. E assim conhece a dupla mais estranha e interessante na qual já botou os olhos.

Durante a narrativa, temos três histórias distintas, a da amizade de Óscar, Marina e Germán, a do passado de Germán e outra que se desenvolve a partir de um passeio de Óscar e Marina ao cemitério, onde se deparam com a figura de uma mulher vestida de preto que visita regularmente um túmulo misterioso sem lápide nem inscrições. 

Começa aí uma trama de suspense que conta a história de Mijail kolvenik e Eva Irinova, ela é uma antiga cantora e ele um empresário do ramo de próteses aficionado em corrigir deformidades físicas e que acaba se tornando uma espécie de Dr. Frankenstein.

Determinados a descobrir o que aconteceu há trinta anos quando um incêndio matou o casal, Marina e Óscar acabam colocando suas vidas em risco e vivendo uma assustadora e bizarra aventura ao desenterrar uma história que descobrem ainda não ter acabado.

O final é surpreendente, triste e belo, assim como o decorrer das três histórias que conta. Espero que vocês tirem um tempo para ler este livro e que ele seja tão gratificante para vocês quanto foi para mim.

Vanessa Paiva

Marcos Mariano
Marcos Mariano

Tenho 30 anos e sou apaixonado por jogos, animes, tecnologia, criptomoedas e literatura. Atualmente estudo Marketing Estratégico Digital e mato meu tempo escrevendo qualquer coisa que passe pela minha cabeça.

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